terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Canção Mínima
Cecília Meireles

No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Reconheça os sinais de que ela perdeu o interesse

Minha amiga e psicóloga Cora Ferreira (cora.ferreira@branfer.com) participou de uma entrevista realizada pelo jornalista Vladimir Maluf, para o Portal Ig. Confira a matéria, abaixo.

Reconheça os sinais de que ela perdeu o interesse

Se elas têm dificuldade para terminar a relação, dão a entender que querem colocar um ponto final. Então saiba identificar esses sinais...

Vladimir Maluf

Talvez seja apenas insegurança sua ficar encanado pensando que ela perdeu o interesse por você. E isso é péssimo para ambos – aliás, tanta insegurança pode fazer mesmo com que ela se canse. Cora Ferreira, psicóloga com especialização em Psicoterapia Psicanalítica pela Unifesp, confirma que há pessoas que sentem mais dificuldade em conversar e se abrir para dizer que discordam, que não gostam ou que não amam mais.

Andréa*, 28 anos, está passando por isso com o namorado. “Não sei se quero terminar. Acho que eu gostaria que ele terminasse comigo”. E, pensando friamente, ela concorda que está sinalizando seu descontentamento. “Eu já não ligo com tanta frequência, perco a paciência com ele sempre, marco compromissos para ficar um pouco sozinha, longe dele, e tentar refletir sobre nosso namoro".

Quem já vivenciou os dois lados dessa situação foi Shirley Lima, de 28 anos. “Já tive o receio e a dúvida de falar que estava cansada e fui me afastando de um namorado: inventava programas que ele não participaria, não atendia as ligações e não conseguia mais dizer que o amava – como eu sempre fazia”, conta a analista de sistemas. Mas ela conta que já fizeram o mesmo com ela. “Acho que ser vítima da frieza me fez sofrer e, principalmente, aprender a encarar os problemas de frente e abrir o jogo logo”.

O empresário Rafael Menezes, de 30 anos, acredita ser mais comum esse tipo de comportamento vindo das mulheres. “Eu, pelo menos, não sou de ficar desviando dos problemas. Prefiro falar logo”, explica. Rafael já teve uma namorada que foi se afastando até o fim da relação se tornar inevitável. “Quem faz isso quer manter a outra pessoa disponível, como 'plano B', caso veja que não arruma nada melhor do que o que já tem".

Como lidar

A psicóloga Cora Ferreira diz que apesar de não ser regra, tanto o homem quanto a mulher podem dar alguns sinais de que perderam o interesse pelo outro, acreditando que sua intenção será compreendida e que não haverá responsabilidades com as consequências. Mas a pergunta que a especialista faz é: será que colocar a questão “debaixo do tapete” é a solução?

Se você nota que algo está diferente, avalie como a relação está se desenrolando: “Como estão sendo como parceiros? Como anda a atenção entre eles? Há cumplicidade, respeito, prazer na companhia um do outro? Que sentimentos estão envolvidos?”, sugere Cora. “O importante é se ater a isso em vez de procurar sinais que possam significar algo que nem se sabe que sentido tem”.

Cuidado com a imaginação!

Cora lembra que, muitas vezes, a mulher não atender o celular pode significar, simplesmente, uma impossibilidade concreta de atender a um chamado e nada mais. Não responder um e-mail pode ter relação com uma falha do provedor e por aí vai. “Não faz sentido ficar imaginando o que os sinais querem dizer”. Mas, se eles o incomodam, a saída é encarar o que parece tão difícil: propor uma conversa sincera.

A falta de contato mais profundo entre o casal pode levar ao desenvolvimento de fantasias, nem sempre positivas, que podem não significar nada na realidade. “Seria interessante e mais saudável que ambos pudessem conversar, procurando, honestamente, uma chance de entender o que está acontecendo. Talvez o mais importante seja aprender a escutar o que o outro tem a dizer".

http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/10/10/reconheca+os+sinais+de+que+ela+perdeu+o+interesse+8710118.html

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Na hora de conhecer os pais dela

Minha amiga e psicanalista Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf, do Portal Ig. Confira a matéria.
(http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/11/08/na+hora+de+conhecer+os+pais+dela+9019042.html)

Na hora de conhecer os pais dela...

Os sogros são (quase) sempre vistos como inimigos. Saiba lidar com isso!

Vladimir Maluf

Não é à toa que muitos homens adiam o momento de conhecer os pais da namorada. Os sogros nem sempre estão felizes em receber o namorado da filha; mas, é preciso, mesmo assim, tentar conquistar os dois. “É difícil tentar adivinhar ou manipular o que o outro vai pensar. Mas ter educação e demonstrar respeito, principalmente pela namorada, é o que mais causa boa impressão”, diz a psicanalista Elizandra Souza.

“Em geral, as sogras são mais ciumentas e mais desconfiadas. Os sogros querem o melhor para suas filhas, esperam que seus genros sejam amorosos, cuidadosos, protetores e responsáveis”, acredita. “Nenhum pai quer que sua filha saia de casa para sofrer com um homem qualquer. Ele espera que sua filha possa estar com alguém estruturado para poder construir algo com ela”.

As apresentações causam tensões em ambas as partes. Mas não é preciso encarar os pais dela como inimigos, de acordo com a psicóloga Cida Lessa. “Isso vem em função de uma expectativa, um nervosismo, mas não significa que os pais receberão o homem com hostilidade”. O importante, diz Cida, é encarar como um encontro social, mas sem a preocupação de impressionar.

“Seja natural, pois, se interpretar, os pais dela vão perceber e isso não será bom. Lembre-se de que você está em um ambiente familiar e é um invasor. Então, pense bem no que vai falar e evite intimidades com a namorada na frente deles”. E ainda dá para usar o encontro a seu favor. “Aproveite a visita para conhecer um pouco melhor a namorada: como ela foi educada e de onde vem".

Elizandra concorda que montar um perfil para impressionar não dá certo. “Causar boa impressão é ter atitudes respeitosas e não querer aparecer mais do que realmente é, não se supervalorizar ou mostrar o que não tem. Não ser arrogante, nem coitadinho. É preciso ter equilíbrio emocional e intelectual”, resume.

O sogro, a sogra

Elizandra diz que o homem, na posição de sogro, pode ser mais reservado, justamente para saber quem é este namorado. “Nesses momentos, talvez os homens (sogros) sejam mais observadores que as mulheres (sogras), que tendem logo a colocar suas opiniões sobre as possíveis qualidades e defeitos do genro”, afirma. “Eles preferem perceber com o tempo como o namorado da filha se mostra e se é realmente honesto, responsável e respeitoso".

Mas Cida lembra que o pai costuma ter ciúme da filha e, raramente, achará que sua menininha está preparada para um relacionamento, além de ficar preocupado com o risco de a filha sofrer. “O homem, inconscientemente, tem medo de deixar de ser amado e de ser esquecido. A partir do momento em que a mulher se interessa por outro homem, apesar de ser uma relação completamente diferente, ele sente esse receio".

Por outro lado, não quer um contato muito estreito com uma pessoa que ele não sabe se ficará muito tempo por perto. “O pai, muitas vezes, é mais agressivo porque quer evitar uma proximidade. Não quer se apegar, pois não há como prever quanto tempo vai durar o relacionamento da filha. É uma maneira de não criar expectativas sobre esse relacionamento”.

Nesse aspecto, na opinião de Cida, a mãe encara de uma forma melhor ao ver que a filha tem um namorado. “As filhas, normalmente, conversam com as mães sobre seus relacionamentos”. Por fim, ela reafirma que o importante é não tentar construir uma falsa imagem. “Quando tenta impressionar, o homem se perde. Deixe isso de lado".

sábado, 14 de novembro de 2009

A mãe e o filho

A psicóloga e psicanalista Claudia Finamore (claudia.finamore@uol.com.br) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf, do Portal Ig. Leia a matéria:
(http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/11/04/voce+e+um+filhinho+da+mamae+8923955.html)

Você é um "filhinho da mamãe"?
04/11 - 13:38hrs
Avalie se essas características combinam com sua personalidade
Vladimir Maluf

Você é um filhinho da mamãe? Cuidado, a maioria das mulheres foge desse tipo de homem. “Tem mulher que gosta de ter mais um filho em vez de um marido. Mas, digamos que não está na moda”, brinca a psicóloga Claudia Finamore. “De um modo geral, está no imaginário da mulher um homem másculo, protetor, que consiga ocupar a posição de sustento emocional, não só financeiro; uma postura forte, que saiba controlar situações, saiba decidir e gerenciar conflitos”.

O marido que é filho

Claudia explica que esse tipo de homem se coloca na posição de filho, mesmo com a mulher que ele ama, que mantém relações sexuais. “A mulher é quem domina a cena familiar, toma a frente de tudo e o marido acompanha”. E, por mais que não esteja explícito, existem muitos casais assim. “Pode até ser que no campo profissional e das relações sociais ele seja um homem completamente diferente disso; mas, com a parceira, ele é outra pessoa".

Ele quer uma sucessora

Também não é incomum o homem que busca uma sucessora para a mãe. Porém, a maior parcela delas, além de não querer isso, se ofende com comparações. “É uma comparação sem nexo, mas os homens fazem. As atividades até se parecem, mas o papel de mãe e de companheira são completamente diferentes”. Claudia diz que isso cria um conflito familiar. “O que acontece muito é gerar uma rixa entre sogra e nora. Começa uma disputa para ver quem é capaz de fazer aquele homem mais feliz".

Pode dar certo...

Apesar disso tudo, Claudia afirma que não é errado ser assim, desde que se relacione com uma mulher que procure esse tipo de parceiro. “O importante é que os dois combinem. Se essa dinâmica é adequada ao casal, ótimo". Contudo, voltamos à questão: elas gostam disso? As mulheres com quem o iG conversou não são favoráveis a esse comportamento. Exceto uma, que prefere ocultar o nome para preservar o marido.

“Não gosto desse termo ‘filhinho da mamãe’, mas aceito que acabo sendo um pouco mãe do meu marido”, conta a mulher de 45 anos, que é casada e sem filhos e, além de conduzir a casa, a sustenta. “Ele é um homem sensível, tem alma de artista. Eu sempre fui dominadora e independente – até pensei que fosse morrer solteira”, brinca. Por isso, diz ela, o casamento dá certo. “Minha família critica demais nossa relação, mas eu o amo e nos damos bem assim".

Com a palavra, as que odeiam

“Um ‘filhinho de mamãe’ não sabe se virar e tem que recorrer a alguém para tudo”, diz a publicitária Graziele Reis. “É o tipo de cara que não consegue resolver problemas práticos da vida, como trocar um chuveiro, por exemplo”. E, revoltada, ela diz mais. “Não tem espírito de cooperação, fica esperando as coisas prontas. É mimado e infantil”, descreve a jovem de 27 anos. “Odeio homens que não se despregam da barra da saia da mãe. Odeio, odeio, odeio”.

Luciana Ramos, designer de 39 anos, teve um namoro com um homem desse tipo, mas que cortou logo. “A mãe dele fazia drama e ele, claro, caía. Ela era viúva e vivia se fazendo de doente”. Segundo ela, era impossível manter um relacionamento com um homem grudado na mãe desse jeito. “Era uma mãe controladora. Tinha ciúme dele e, por sua vez, ele corria atrás dela a qualquer chamado".

O pior de ser um “filhinho da mamãe”, para a relações públicas Cristiane Anselmo, de 30 anos, é a dificuldade que esse perfil de homem tem de se desenvolver. “Esse tipo de cara é tão mimado que é incapaz de administrar a própria vida, de correr atrás de algum objetivo – se é que consegue ter um”, reclama. “Eu não quero um homem que não deseja crescer, evoluir na profissão e não tem ambições”.

Namorar um mimado está fora de cogitação, diz Helen Soares, 28 anos. A profissional liberal explica que já cometeu esse erro uma vez, mas nunca mais. “Um ‘filhinho da mamãe’ não quer uma mulher, quer uma mãe que substitua a dele quando ela morrer”, avalia. “Tive um namorado que não pegava nem água na cozinha. Queria deitar no sofá e ter tudo na mão. Dizia que era carente, que queria ser cuidado. Comigo, não!”

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os outros morrem, eu não

Minha amiga, sociologa e psicanalista Nilda Jock (niljock@hotmail.com) escreveu um texto para o site Minha Vida (http://www.minhavida.com.br/conteudo/10174-Os-outros-morrem-eu-nao.htm).


Os outros morrem, eu não
Saber lidar com a existência da morte é necessário

Por Minha Vida Publicado em 21/9/2009

Pensando bem, não é a morte que incomoda os seres humanos, mas o conhecimento de que ela existe. O moribundo nos desestrutura, fragiliza nossas defesas tão bem construídas contra a idéia de que nós também vamos morrer. Por isso temos nos tornado cada vez mais incapazes de dar aos que estão morrendo ou aos que sofreram uma perda muito significativa a ajuda, a atenção devida num dos momentos mais difíceis da vida, seja daqueles que estão partindo e muitas vezes precisam de consolo, de companhia, ou aqueles que estão banhados por um luto dolorido. Ficamos pasmos, constrangidos, embotados.

A civilização tem feito isso, isolando aquele que está agonizante. A morte é tirada de cena, passa por uma dissipação, é interceptada como um estorvo. Claro que tudo com muito cuidado e delicadeza sem deixar, contudo, de ser transformada numa fragmentação. A morte e tudo que lhe diz respeito é apartado, porque ela é a expressão mais desavergonhada da nossa decadência.

Lembro-me quando meu pai morreu. A relutância do meu marido em permitir que os nossos filhos, ainda crianças, fossem ao enterro do avô surgiu. O dilema que fiquei entre expor os despojos de uma vida que para eles foi tão importante e a idéia de que talvez fosse melhor que eles guardassem em suas memórias os olhos azuis vivos e a imagem dele brincando com os netos. Esse argumento venceu o gesto e esquivá-los do confronto com o cadáver do avô, com a morte, sua cor e impassividade própria foi o melhor caminho.

Pois é, isso já faz algum tempo, mas hoje pensando no curso que temos seguido no "processo civilizatório" e no incômodo diante da idéia de morte, me dei conta de que sou uma autêntica representante dos dias de hoje.

A morte é para todos uma situação de angústia primitiva, é o medo irrefreável de dissolução do ego. Um medo com o qual não lidamos, pelo contrário, estamos nos aprimorando em disfarçar esse desconforto peculiar dos vivos perante a agonia de uma vida em consumação. Será que um dia acharemos isso um horror e nos envergonharemos?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Briga e Respeito

Minha amiga e psicanalista Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br) foi entrevistada pela jornalista Sabrina Passos. Confira a matéria abaixo. http://vilamulher.terra.com.br/briga-e-respeito-3-1-30-401.html

Briga e Respeito
Por Sabrina Passos

Sabe aquele pé de guerra que você trava com o amado sempre que alguma coisa dá errado? Até para ele existem boas maneiras a serem seguidas - no intuito de preservar a saúde mental (e às vezes física) dos envolvidos.

E claro, não dar um balde de água congelada na relação.

Para não transformar o que já está ruim num pesadelo ainda pior é preciso manter uma espécie de "etiqueta da discussão". A dica da psicóloga e psicanalista Cida Lessa é que o casal, mesmo de cabeça quente, fique atento para o respeito. "É preciso também focar no motivo daquela discussão - e não sair se lembrando de coisas do passado que já deveriam ter sido resolvidas", sugere.

Essa generalização da discussão pode levar a agressões de todo tipo, desde comentários que a gente nem sempre gostaria de dizer até uma violência física completamente desnecessária. "As pessoas perdem a noção do perigo quando estão nervosas, brigando. É preciso tentar manter a calma, mesmo numa discussão calorosa". Se a cena ficar mesmo feia e você perceber que a solução não está próxima, melhor ‘adiar’ a briga para o momento certo, quando a discussão puder ser feita baseada no respeito.

Outra sugestão da psicóloga é que os envolvidos mantenham a consciência de que a briga não nasceu à toa. "Sempre há uma atitude que desencadeia a confusão", lembra. E às vezes ela nasceu com você.

E quando a briga fica pública, num restaurante ou bar? Nada de gritos e choros na frente dos outros. "A briga pesada sempre acaba por ridicularizar o outro. E ninguém tem o direito de fazer isso na frente de desconhecidos ou até amigos", diz Cida. É nessa hora que ela lembra bem de uma coisinha que muitos casais esquecem quase sempre. "As nossas expectativas e decepções são problemas nossos - e não de quem não consegue cumprir o que desejamos. Nesse caso, a terapia ajuda muito a definir os papéis de cada um numa relação".

A parte difícil disso tudo é racionalizar, mesmo na hora da briga. Mas essa atitude pode salvar o relacionamento, melhorando aquilo que parece sem solução. O essencial é evitar a missão impossível de tentar mudar o outro. E nunca promoter aquilo que não se pode cumprir, apenas para apaziguar a situação. "Cobranças e promessas não combinam com brigas e podem gerar ainda mais confusão", ensina Cida. "E não esqueça que é preciso ouvir (e escutar mesmo) o que o outro tem a dizer".

No contrato não assinado que você mantém com a pessoa amada às vezes não estão incluídas cláusulas para colocar regra na hora da discussão. Mas tanto nessas - que precisam sim ser criadas - quanto em todas as outras que você aceita quase que naturalmente - é preciso sempre manter uma condição: o respeito. Ao outro, e a si mesma.

domingo, 11 de outubro de 2009

Aprender com as derrotas

Saiu na Revista Vida Natural & Equilíbrio - edição 28 - 2009

10 Motivos para...
Aprender com as derrotas
por Letícia Gonçalves

01 -A derrota significa a existência de uma tentativa, ou seja, houve coragem para ousar. As chances de conquistas são maiores para quem costuma se arriscar.

02 - A vida é feita de vitórias e derrotas. Não é preciso desistir por causa de um momento ruim. Outros melhores ainda virão.

03 - Perder pode ser apenas parte de uma história de superação. É um momento da vida em que algo não saiu como deveria, mas a vontade em continuar talvez possa mudar o desfecho.

04 - Veja por outro lado: você pode ganhar com esse momento, pensando em quais atitudes colaboraram para a derrota e como poderiam ser melhoradas.

05 - Ao entender a derrota como um aprendizado, você terá uma qualidade de vida melhor, já que irá aumentar sua sabedoria.

06 - A derrota pode afastá-lo, em um primeiro momento, de seus objetivos. Por outro lado, ao observar o que deu errado, você saberá elaborar estratégias diferentes para atingi-los.

07 - A situação é ótima para aprender a lidar com as dificuldades, aumentando a capacidade de encarar e suportar futuros momentos de dor.

08 - Refletir sobre o fracasso pode ser um excelente modo de se tornar mais humilde e cauteloso, agindo com mais atenção da próxima vez.

09 - Você também terá melhor conhecimento de seus limites, sabendo como reagir cada vez que se deparar com eles.

10 - Como todo momento da vida pode proporcionar um aprendizado diferente, saber como aproveitar cada um deles pode deixá-lo com mais maturidade mental e emocional.

Fontes: Claudia Finamore, psicóloga e psicanalista; Julio Peres, psicólogo clínico e doutor em Neurociências pela Universidade de São Paulo (USP).

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Encontro às escuras

Mais uma matéria do Portal Ig.


Confira as 12 regras para quem vai ao encontro ou para quem quer promover um


por Vladimir Maluf

Você não aguenta mais ver o seu amigo solteiro? Ou ao contrário: seu amigo resolveu te apresentar uma amiga que, segundo ele, tem tudo a ver com você? Para as duas situações, existem regras a seguir. O psicólogo Paulo Tessarioli diz que “a melhor forma de conduzir um encontro desta natureza é tendo bom senso”. E dá a dica: “Preocupe-se em criar uma imagem positiva sobre você. A admiração é um dos ingredientes essenciais de uma boa relação afetiva e sexual.”


A psicóloga Claudia Finamore também concorda. “Há regras básicas que devem ser respeitadas em todo encontro: vá bem arrumado, perfumado, seja simpático e educado”. Paulo lembra ainda que, mesmo que não tenha uma boa impressão inicial, você pode pensar numa segunda chance. “Não pense em transformar aquele encontro, tão rápido, na oportunidade de ter alguém com parceira. Naquele dia pode não rolar, mas quem sabe depois ou até mesmo no futuro?”, sugere o especialista.


Se você é o candidato


Veja as dicas da psicóloga Claudia Finamore, para você que vai ao encontro da pretendente escolhida pelo seu amigo:


1. Informe-se bem sobre o local do encontro. “Não seja expansivo demais, se o ambiente não permite. Não use roupas muito formais se não for necessário... A adequação à situação é importante: desde o tipo de roupa ao comportamento”, diz Claudia.


2. Tenha cuidado redobrado com a educação, orienta. “Os apresentados precisam lembrar sempre que há uma amizade envolvida nessa situação.”


3. Vá com calma! “Não saia agarrando a moça na frente do amigo, para não ficar constrangedor. Deixe as coisas rolarem numa boa. Talvez seja melhor esperar um próximo encontro, só os dois, para ter alguma intimidade.”


4. Se você não curtiu a moça, disfarce. “Por ter um amigo envolvido, não dá para deixar explicito que você não gostou da mulher”, diz a psicóloga. “Não dá para ir pegar uma cerveja e não voltar mais...”


5. Durante a conversa com a moça, não fique envolvendo seu amigo. “Não fale de intimidades da amizade. Você não sabe o que a amiga sabe sobre ele.”


6. Se você acha que o próximo encontro não rola, fale isso com jeitinho, avisa a psicóloga. “É mais fácil não entrar em detalhes nessa hora. Diga simplesmente que não rolou, pois a pessoa entende e fica tudo bem. Não precisa estender essa conversa...”


Se você é o cupido


Agora, Claudia Finamore explica quais são as regras a seguir se você resolveu desencalhar o seu amigo:


1. Cuidado com o exagero na propaganda. “Não ‘borde de ouro’ uma pessoa para a outra, para não criar muita expectativa. Quando maior ela for, mais alta é possibilidade de decepção.”


2. Não tente também construir a imagem de um para o outro. “Permita que as pessoas tenham a própria percepção. A imagem que você constrói é diferente da que o outro enxerga. Então, é inevitável que você erre. Se fizer isso, na hora do encontro, eles verão que tudo aquilo que você falou não bate.”


3. Descreva a pessoa, claro. Porém, sem riqueza de detalhes... “Diga como é, no que trabalha, quantos anos tem... Não conte toda a vida de um para o outro. Você não sabe o quanto essa pessoa quer abrir sua intimidade. Geralmente, os amigos contam a vida toda do outro. Deixe que a pessoa escolha o que quer contar.”


4. Na hora do encontro, não seja inconveniente. “Se estiverem só vocês três, não exclua ninguém da conversa, como ficar falando de assuntos que só você e um dos amigos conhece. Se estiverem em quatro, melhor, mas faça com que a conversa sempre gire em torno de todos, mesmo que, às vezes, tenham conversa apenas entre os casais.”


5. Cuidado com o ciúme. “É comum a pessoa que resolveu apresentar os amigos ficar enciumada, quando nota que as novas pessoas estão se entrosando demais. Aí, incomodado, o que proporcionou o encontro começa a ser inconveniente. Não faça isso.”


6. Embora ele seja muito seu amigo e você o conheça bem, o mais comum é as pessoas escolherem um pretendente para outra pessoa baseada nos próprios parâmetros. “Lembre-se que um bom partido para um nem sempre é um bom partido para o outro.”


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Violência emocional também dói

Minha amiga, psicóloga e psicanalista Cora Ferreira (cora.ferreira@branfer.com) foi entrevistada pela jornalista Sabrina Passos. Leia a matéria na íntegra. (http://vilamulher.terra.com.br/violencia-emocional-tambem-doi-3-1-30-341.html)


Criado em Qui, 23/07/2009 09h43
Por Vila Dois

Existe uma violência silenciosa que, às vezes, machuca muito mais que física.

Esse tipo de “agressão”, que abala o emocional muito mais que as estruturas do corpo, acontece quando alguém se submete, normalmente por medo, ao “poder” desproporcional do outro. E, quase sempre, acontece sem perceber.

Quem sofre de violência emocional, numa relação amorosa, por exemplo, esquece a própria vida, abandona os estímulos e as próprias vontades. Muito do que vive, em geral, tem a ver com o desejo e satisfação do outro, numa submissão inconsciente. “Isso porque essa pessoa tem a tendência a acreditar nas críticas e insultos recebidos, sem forças para argumentar”, diz a psicóloga Cora Ferreira, de São Paulo. “A relação afetiva entre essas pessoas impede a rapidez e a clareza da percepção das manipulações e ameaças”.

Segundo Cora avalia, o agressor é normalmente simpático, extrovertido e educado, do tipo que conquista fácil a confiança, mas que tende a ser controlador e hostil. E o agredido se mostra frágil emocionalmente, inseguro e com baixa auto-estima. Desta forma, os dois acabam por formar uma “dupla perfeita” nas suas imperfeições. “A questão da violência emocional acontece por conta dos dois lados. É uma dupla que vai encontrando uma forma de sobrevivência: um abusa para mostrar e sentir-se poderoso, o outro cede porque se sente inferior e culpado - e isto vai se tornando um ciclo vicioso. Alguns gostam de agredir. Outros de apanhar”.

Entre as formas dessa violência que não deixa marca no corpo está humilhar, depreciar, fazer chantagem com cenas melodramáticas e desmerecimentos, levando o outro a crer na culpa, na inferioridade e incapacidade frente a situações como cuidar de si, da casa ou dos filhos. “Em geral, o agressor minimiza os argumentos do outro e, de forma egocêntrica, aumenta os seus, dizendo que são mais importantes e urgentes. Busca satisfação constante de suas vontades, enquanto responsabiliza o outro pelas questões negativas de suas vidas”, diz Cora, que é especialista em psicoterapia psicanalítica.

Para fugir desse agressor, que usa da força verbal, psicológica e moral para minimizar o parceiro, é preciso primeiro identificá-lo. “Essas pessoas normalmente têm o sentimento de inferioridade encoberto e, para dar conta do mal-estar que sente, dilapida as bases do outro”, explica a psicóloga.

Se ainda assim não é possível enxergar o agressor - o amor bandido às vezes transfigura a realidade - uma boa saída é olhar para si e pensar a respeito dos sonhos, desejos e o tem feito com isso. “Se estiver satisfeita, tudo bem! Mas, e se fica muito infeliz com isso? Com certeza vai ter que dar um basta nesta forma de relação. Se ficar presa à necessidade de satisfação de alguém, sem levar nada de bom, a vida cobra mais pra frente”, alerta Cora. E aí, no meio desse círculo vicioso, a vítima se afasta de parentes e amigos e acaba isolada.
A psicóloga sugere então o diálogo como início de uma nova cara para a relação. Colocar as questões sobre a mesa e lavar a roupa suja são saídas. Outra opção é se aproximar de amigos e familiares que possa confiar e pedir ajuda. “Mas isto é só o primeiro passo, já que as marcas podem ser muito profundas, não só com relação ao que viveu com o parceiro, como também uma decepção pessoal, por ter se prestado a esta vivência, sem ter se libertado para sua vida há mais tempo”, diz Cora.

Quanto a isso, a profissional sugere ajuda psicológica, principalmente para buscar entender porque se permitiu viver isto. “Perguntas sobre como aprender com o erro são imprescindíveis para experiências diferentes, no futuro”.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mulher em sociedade com outro homem

Minha amiga, sociologa e psicanalista Nilda Jock (niljock@hotmail.com) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf. Confira a matéria.













Você já teve uma mulher em sociedade com outro homem?
03/09 - 11:58hrs


Entenda o que passa pela cabeça dos homens que compartilham uma mesma mulher

Vladimir Maluf


Por que eles topam dividir a mesma mulher? “Porque é divertido”, resume André*, de 30 anos. Muitos homens acham bacana dividir a experiência de sair com a mesma mulher, ao mesmo tempo. André acredita que, nesse caso, o homem não é culpado por desvalorizar a mulher. “Se ela concorda com essa situação, a culpa não é minha”. E ele defende a velha teoria de que há dois tipos de mulheres: “as que são para casar e as que são para se divertir.”

Rafael*, 25 anos, diz que não trata uma mulher diferentemente do que ela o trata. “Se você sai com uma mulher que um amigo também transa, ela é só uma diversão para vocês. O mesmo vale para ela: os homens estão sendo, para essa mulher, um objeto”, posiciona-se. “Nessas situações, ninguém quer nada sério. Se não for ferir um dos três, não há problema.”

Luciana* já participou desse tipo de aventura e defende que tem todo o direito. “Não sei que nome dar a isso. Se querem me chamar de promíscua, podem chamar. Não me preocupa”, garante a moça de 31 anos. “Os homens fizeram isso a vida inteira e sempre foram aplaudidos. E acho que tem um agravante: eles saem com a mesma mulher para comentar com os amigos. A mulher, não: ela topa por prazer.”

A psicanalista e socióloga Nilda Jock diz que, nesses casos, é preciso pensar em hipóteses para entender esse comportamento masculino. “Uma dessas hipóteses é que existe no imaginário dos homens que a mulher é feita para o desfrute. Na história do Brasil, no período colonial, isso já era bem comum: que existiam mulheres para se divertir e outras para casar.”

Outra hipótese, segundo ela, é que o homem não esteja conseguindo compreender ainda a liberdade sexual que a mulher conquistou. “O homem tem dificuldade de equiparar os sexos. É uma questão cultural e ideológica que não se transforma em uma década. Leva tempo... Os movimentos de libertação da mulher começaram nos anos 60 e a aceitação é paulatina. O homem também fica fragilizado diante da nova mulher.”

Mas o caminho, segundo Nilda, é se aprofundar nessas questões e não ficar na posição de vítima. “É como se ele fosse a nova vitima na relação entre os gêneros. Ao invés de rever seus padrões de comportamento e se enquadrar nessas transformações, ele acha que é o caso de desfrutar dessa mulher, como se fosse um novo objeto.”

A especialista cita que o sexo masculino já aceita outras mudanças. Poderia, então, repensar sobre a sexualidade feminina. “Os homens já esperam que essa mulher trabalhe fora, que ajude a prover a casa, mas com relação à sexualidade ainda tem uma visão deformada, tradicional, retrógrada...”

E é condenável simplesmente ignorar a revolução sexual e desrespeitar essa liberdade. “Quanto mais o homem parar para refletir, melhor: ele vai ser mais evoluído. Sem dúvida nenhuma, uma pessoa mais preparada tem uma visão mais crítica dessa realidade. Quem recebe as mudanças culturais sem refletir, sem ler, sem se informar, tende a ficar para trás.”

(http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/09/03/voce+ja+teve+uma+mulher+em+sociedade+com+outro+homem+8115920.html)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Minha amiga psicóloga e psicanalista
Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br)
foi entrevistada pelo jornalista
Wladimir Maluf.

Confira a matéria.
















Não tenha preconceito com o vibrador

http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/07/26/nao+tenha+preconceito+com+o+vibrador+7419944.html 26/07 - 08:30hrs

Esse brinquedinho erótico pode animar a sua parceira sem competir com você

Vladimir Maluf

É compreensível que você leve um susto se, de repente, no meio da transa, sua parceira abrir a gaveta do criado-mudo e tirar um pênis de borracha gigantesco. Pior ainda se ele vibrar! Acalme-se... Saiba que o vibrador pode ser um bom estimulante, deixando a transa mais quente.


A psicóloga e psicanalista com especialização em Sexualidade Humana, Cida Lessa, diz que é comum o homem se sentir ameaçado pelo equipamento. “Não apenas pelo vibrador, mas, principalmente, pela atitude da parceira. Os homens ainda se assustam com o atual comportamento feminino. Independência e determinação podem gerar nos homens sentimentos de insegurança, desconfiança e aversão”, esclarece.


Usar um objeto na relação costuma ser algo bem delicado e ela explica que é importante que os parceiros conversem a respeito de suas fantasias, desejos e curiosidades. “Sem dúvida, isso ajudará os dois a encontrarem estímulos comuns para incrementarem a relação sexual, caso haja necessidade ou vontade.”


Isso não é uma competição


Não pense que o fato de ela propor a utilização de algum acessório signifique que você não a está satisfazendo. “Pelo contrário: pode mostrar que existe uma confiança e intimidade entre o casal, permitindo que a parceira se sinta à vontade para falar sobre seus desejos”, afirma Cida. “Muitas vezes, o preconceito não é da própria pessoa. Ele ouviu e aprendeu a agir com certa repulsa, exatamente por achar que poderá ser substituído.”


A especialista diz, também, que não há motivo para ficar bravo ou enciumado. Pode ser uma boa ideia... “Para alguns casais poderá, sim, ser estimulante. Uma forma de descobertas, intimidades e exploração, porém é importante não esquecer que o vibrador é um instrumento, um complemento que pode ajudar a erotizar a relação. Fiquem atentos para que ele não se transforme na única forma de obterem o prazer.”


Modo de usar


Elen Louise, da boutique carioca Madame Blanchye e especialista na arte de seduzir, indica que, para não ficar impressionado com o tal brinquedinho, é bom usar os vibradores que não têm formato de pênis. “Como os que têm forma de bichinhos ou o chamado de ‘bullet’”, indica ela.


“Uma boa ideia é usar como massageador e um ir massageando o corpo do outro, descobrindo novas sensações, até chegar nos pontos erógenos e estimular essas regiões, como: períneo, região anal, pequenos e grandes lábios, clitóris”.


E Elen ensina como conseguir que ela atinja o orgasmo só com o vibrador. “Depois da brincadeira pelo corpo, passe-o levemente ao longo da vulva e no clitóris na intensidade mais baixa e depois vá aumentando”. Outra sugestão é pedir para que ela use sozinha, para ir se acostumando com o acessório.


Elas aprovam


“Um vibrador é um complemento, uma diversão a mais na hora do sexo. Adoro quando meu namorado usa em mim quando está fazendo sexo oral, é uma delicia!”, diz Rachel Souza, 29 anos. Outra mulher que aprova é Priscila Marques, 42 anos. “A principio meu namorado resistiu um pouco em incluir o vibrador na hora da relação, mas aos poucos fui brincando sozinha na frente dele e ele acabou aderindo, hoje em dia adora e sabe que melhorou muito nossa relação.”

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Filhos únicos: amados (ou mimados) demais?

Minha amiga, psicóloga e psicanalista Claudia Finamore concedeu uma entrevista à jornalista Tissiane Vicentin, cuja matéria foi publicada em 17/08/2009 no site http://vilamulher.terra.com.br/filhos-unicos-amados-ou-mimados-demais-8-1-55-279.html


Filhos únicos: amados (ou mimados) demais?
por Tissiane Vicentin

No corre-corre da vida cotidiana moderna, muitos casais optam por ter apenas um filho. Alguns são porque não querem mesmo outra criança. Outros por falta de condições financeiras.

Seja qual for o motivo, essa é a realidade de muitas famílias.

O filho único pode ser sinônimo de conforto. Por ser o primeiro, normalmente ganham dos pais tudo de bom e do melhor. Não que isso seja ruim, mas alguns pais simplesmente não impõem limites e os filhos acabam vítimas de tanta atenção. Acabam mimados, acomodados, birrentos, egoístas e apresentam mais um bocado de problemas que, se não resolvidos durante a infância, podem se tornar uma dificuldade na vida adulta.

“Muitos pais acham que devem dar tudo o que podem ao filho, por ser único, cultivando a idéia de que ele é o centro do mundo. A criança, ao crescer com excesso de tudo, não aprenderá a valorizar o que tem, sentindo-se sempre insatisfeito. Ser feliz com o que se tem é um importante aprendizado”, alerta a psicóloga e psicanalista Cláudia Finamore, de São Paulo.

Por esse motivo, os papais de primeira viagem devem prestar muita atenção em como tratam e educam seus filhos. Alguns dos principais problemas enfrentados nessa situação têm solução. E sem desesperos.

Para a superproteção, por exemplo, tão presente nesses casos, a psicóloga ensina: “entre a proteção saudável e a exagerada, muitos pais sentem dificuldade em estabelecer seus próprios limites, mantendo uma relação confusa com o filho, gerando incompreensão e prejudicando a autoconfiança da criança”. Moderando a preocupação e policiando a insegurança normal que os pais sentem com relação ao primeiro filho, eles estarão contribuindo para uma relação harmoniosa para ambas as partes. “Os pais devem saber lidar com suas inseguranças e expectativas para que não exagerem nos cuidados e nas cobranças em relação ao filho único”, completa.

Outro desafio enfrentado pelos pais é não mimar os filhos. Uma solução é fazer com que ele aprenda a dividir e, para isso, é necessário que ele tenha com quem dividir. “O filho único, em casa, tem poucas oportunidades de dividir espaços, atenções, emprestar e pegar emprestado. Os pais podem facilitar a socialização do filho único com outras crianças, os deixando frequentar a casa de primos e amigos, como também convidar crianças para sua casa”, sugere Claudia. Ela afirma ainda que é fundamental os pais não se colocarem 24 horas à disposição dos filhos. Assim, eles estabelecem limites e a criança entende o quão importante é aprender a dividir e aguardar a sua vez.

Para finalizar, é muito importante que os pais aprendam a lidar com suas próprias frustrações e não depositem os sonhos nos filhos, esperando que eles sejam aquilo que não são. “O filho único sente-se muito cobrado, acreditando precisar ser perfeito em tudo o que se dispõe a fazer. Essa alta expectativa pode levar a criança a ficar ansiosa e insegura, prejudicando o desenvolvimento”, encerra a psicóloga.

Tomando um pouquinho de cuidado, os pais só contribuirão para o crescimento saudável de seus pimpolhos. Com essas dicas, resta apenas dar todo amor e carinho que puder. Mas sem exageros, claro!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Prazer feminino

Minha amiga Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br), psicóloga e psicanalista com especialização em sexualidade humana, participou de uma entrevista sobre orgasmo feminino publicada na revista Malu.

Prazer feminino

Você sabe o que faz diferença na hora de atingir o orgasmo?

Texto de Aline Mendes publicado na revista Malu (6 de agosto de 2009, ano 11, no 371)

Em uma pesquisa de 2003, realizada em 13 Estados brasileiros com 7.103 pessoas, 26,2% das mulheres admitiram ter dificuldades para atingir o orgasmo. Em 2009, o problema persiste. Os fatores físicos que podem desencadear esse problema podem ser diagnosticados com a ajuda de um ginecologista. E os aspectos psicológicos? Como vencer os bloqueios que impedem o prazer?

Desvende as causas

De acordo com Cida Lessa, psicóloga especialista em sexualidade humana, a falta de orgasmo ou prazer, chamada de anorgasmia, normalmente está ligada a algumas questões psicológicas.
“Elas podem ser conscientes e, muitas vezes, inconscientes, daí a necessidade de um tratamento psicológico para que a pessoa possa identificar suas reais dificuldades e aprender a lidar com elas”, esclarece.
A especialista reforça que é importante conversar com um médico para descartar a possibilidade de ser algo fisiológico, como um desequilíbrio nas taxas hormonais.

Bloqueios e tabus

Há apenas algumas décadas, a sexualidade feminina era reprimida, tudo era proibido e a mulher não aprendia, nem podia, expressar seus anseios na intimidade.
“Atualmente, muito se fala sobre o assunto, porém, informação demais não basta, é preciso que haja conhecimento. Nesse caso, do próprio corpo, dos sentimentos, das sensações e dos desejos. Isso sim poderá facilitar a obtenção de uma resposta sexual satisfatória”, acredita Cida.
Para a psicóloga, não existe uma fórmula para chegar ao orgasmo, pois cada pessoa vai responder e reagir de acordo com as suas necessidades pessoais.
“Algumas mulheres precisam de maior estímulo do que outras. Isso é normal, podendo variar e mudar de acordo com a maturidade de cada uma frente a sua vida sexual”, completa.

O que atrapalha

Cobrar demais de si mesma entre os lençóis só aumenta a ansiedade, o que nunca é positivo. “Sempre lembrando que uma vida sexual satisfatória é um direito, não um dever”, destaca a psicóloga.
Por outro lado, não adianta nada atribuir ao parceiro a responsabilidade pelo próprio prazer.
“O homem pode ajudar sendo companheiro, não reprimindo as iniciativas dela, estimulando as zonas erógenas e dando liberdade para falarem sobre suas curiosidades, fantasias, desejos e motivações, mas não é uma obrigação fazer com que a parceira atinja o orgasmo”, explica.
Quando alguém assume o controle na hora H, falta intimidade ou há expectativas demais, os momentos a dois são afetados.

O que ajuda

Criar um clima gostoso e descontraído com o par é o primeiro passo. Em pé de guerra não há prazer que resista.
Depois, é indispensável esquecer as preocupações com trabalho, horários, filhos... Não adianta dedicar um tempo à intimidade se não se concentrar totalmente nela.
Não deixe a sexualidade em segundo plano. Quando ela vai bem, é possível que outras áreas também sejam favorecidas.
Entre quatro paredes, tente relaxar, se entregar por completo e tomar iniciativas para dar e receber prazer. Afinal, mais importante do que o orgasmo é curtir o momento com quem ama.
“Permita-se fantasiar e se conhecer, descubra como e onde gosta de ser tocada e estimule sua imaginação com livros eróticos, filmes... Quem sabe isso pode ajudá-la”, sugere Cida.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sexo na gravidez

Mais uma entrevista da minha amiga Nilda Jock (niljock@hotmail.com) ao jornalista Vladimir Maluf, do portal Ig (http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/08/03/minha+mulher+esta+gravida+7458981.html)


"Minha mulher está grávida"
03/08 - 11:52hrs

Manter uma vida sexual ativa nessa fase é saudável para ambos os lados

Vladimir Maluf

É diferente quando você olha sua mulher e ela tem um novo corpo: agora, com a maternidade estampada para quem quiser ver. Porém, é um erro abandonar o sexo durante a gestação, de acordo com Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do projeto Afrodite da Unifesp. “As mulheres necessitam se sentir desejadas. Precisam ser olhadas como mulheres, não apenas como mães”, diz ela.

De olho no calendário

A médica explica que sexualidade muda conforme a etapa da gravidez. “No primeiro trimestre, ela sente muito sono e enjoos. Além disso, existe a fantasia de que ela pode perder o bebê, e isso não é verdade”, afirma a médica. “Se não há contraindicação do médico, como um sangramento, por exemplo, as relações podem ocorrer.”

No segundo trimestre, é a melhor fase, diz ela. “A mulher tem até mais desejo depois do terceiro mês, mas é aí que o homem começa a associar a mulher à figura materna e não quer transar. Porém, os homens deveriam saber que é bom esse vínculo”, aconselha Carolina. “O casal não pode ter uma relação muito fraternal e esquecer que a relação homem-mulher é importante.”

Já no terceiro trimestre, a barriga incomoda os dois. Mas, mesmo assim, se não há proibição médica, não há motivos para jejum. “É difícil, mas se está indo tudo bem, não tem problema nenhum... Nessa fase a mulher está mais cansada, com dores e menos disposta. Mas é possível manter relações sem muitos malabarismos”, diz ela, que aconselha as posições em que a mulher fica de lado ou por cima.

“Outro mito que é muito comum é o de que o espermatozoide pode atingir o bebê, mas não é real, pois o colo do útero fica vedado. Além disso, o muco da vagina fica hostil ao espermatozoide. Então, ele nem consegue chegar”, afirma. E a médica alerta que se existir dilatação, sangramento ou risco de parto prematuro, aí, sim, tem que procurar o médico e seguir a orientação dele.

Não perca o apetite sexual

Carolina diz, ainda, que o homem deve continuar a elogiar a mulher. “Diga que ela está sensual, mesmo que você não ache muito... E lembre-se que é bom aproveitar esse período, porque, depois do parto, haverá o resguardo, a amamentação – que diminui o desejo – e um bebê dá muito trabalho”, aconselha.

Nilda Jock, psicanalista e socióloga de São Paulo, também aconselha que o marido não se afaste da esposa. “De um modo geral, as pessoas aceitam bem a forma física na gravidez. Mas há um incômodo que a mulher sente em relação à própria imagem”, explica ela. “Há a insegurança de nunca mais voltar à forma e o marido deve ajudá-la a lidar com isso.”

E uma maneira de passar segurança é não evitar o sexo. “O homem tem dificuldade de lidar com essa nova mulher, ou porque muda o perfil dela ou porque o remete à própria mãe. Mas isso pode mexer com autoestima dela. Se o homem a evita, ela acaba se sentindo feia.”

Assim como Carolina, Nilda defende que elogiar a mulher é importante. “Essa é uma ferramenta para ser usada sempre. No caso da mulher grávida, mais ainda, pois tem a questão de ela estar se transformando. É muito saudável que os maridos elogiem suas esposas grávidas”.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

De bom amigo a cunhado odiado

Minha amiga, psicóloga e psicanalista Cora Ferreira (cora.ferreira@branfer.com) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf, do portal Ig. Leia a matéria na íntegra.

De bom amigo a cunhado odiado
13/07 - 10:00hrs

Conheça a história desses irmãos ciumentos e veja dicas para lidar com esse sentimento

Vladimir Maluf

Depois que Fernando Soares começou a notar que as visitas do amigo em sua casa estavam mais frequentes, percebeu que algo estava errado. “Depois que ele conheceu minha irmã no meu aniversário, não parava de vir em casa”, conta o rapaz de 27 anos. “Eu acho que tem muita mulher solteira. Ele não precisava querer justo a minha irmã”, reclama Fernando.

“Hoje, eles estão namorando. Perdi minha amizade com ele e a relação com a minha irmã ficou complicada também. Eu me sinto na obrigação de contar o que eu sei sobre ele”, opina Fernando. “Eu sei o que ele fala das mulheres quando sai com elas, sei que não é fiel, sei de muitas coisas. É muito estranho saber que a minha irmã é a bola da vez”.

José Carlos Ferrão, 32 anos, compreende perfeitamente a situação de Fernando. “Minha irmã já chegou a ficar com um amigo meu. Eu cortei logo”. Para ele, os motivos são os mesmos. “Você ouve todas as cachorradas que os seus amigos contam sobre as mulheres que saíram. Não tem como não imaginar que ele fará o mesmo com sua irmã”.

Cora Ferreira, que é psicóloga com especialização em Psicoterapia Psicanalítica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concorda que é uma situação delicada e cabe perguntar: “será que você teme que sua irmã não saiba cuidar de si? Ou será que você sente que deixará de ser importante para o amigo e que perderá o amor dela?”

Segundo ela, é importante diferenciar o relacionamento com a irmã e com o amigo. “Respeite a escolha que eles fizerem e procure não se envolver”, orienta a psicóloga. “Que tal pensar que se ele não é bom para namorar sua irmã, por que era bom pra ser seu amigo?”.

Cuidado com os excessos

O ciúme é natural. Segundo Cora, a criança já demonstra isso ao desejar ser o amor exclusivo dos pais. “Mas quando um homem não aceita ver sua irmã sair ou namorar, o ciúme se caracteriza pelo desejo de posse e onipotência, pois acredita que pode escolher o que é bom para ela”. A questão se torna mais complexa quando há excessos, para mais ou para menos. “Resta encontrar limite e equilíbrio para esses sentimentos.” E, caso seja exacerbado, é preciso procurar ajuda psicológica.

“O ciúme saudável é aquele que encontra formas adequadas de mostrar as emoções. É danoso quando encontra um modo invasivo ou destrutivo de se apresentar”, resume Cora. A sugestão dela é que os irmãos conversem abertamente sobre os próprios sentimentos, e o mesmo pode ser proposto ao amigo. “Tentem compreender que são afetos diferentes que estão em jogo e que um não substitui ou impede o outro. O que não pode é ser ignorado”, finaliza.

http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/07/13/de+bom+amigo+a+cunhado+odiado+7163929.html

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sou apaixonado pela minha ex

Minha amiga Nilda Jock (niljock@hotmail.com) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf, do portal Ig (17/07 - 10:00hrs). Eis a matéria publicada.


“Não consigo controlar”, resume Carlos*, 31 anos, que se separou da ex-namorada há mais de um ano e, mesmo assim, afirma que o sentimento por ela não diminuiu em nada. “Eu gostaria de esquecê-la, mas é mais forte do que eu”. Quem vive o mesmo problema é Lucas*, 36 anos, que se separou depois de um casamento de quatro anos – e se arrependeu.

“Achei que estava fazendo a coisa certa porque brigávamos demais, mas acabei percebendo que eu poderia ter encontrado outras soluções para salvar nossa relação, não a separação”, lamenta o homem que está solteiro há um ano e não consegue superar.

Nilda Jock, que é psicanalista e socióloga, explica que o sentimento de perda, muitas vezes, só se torna concreto perante a ameaça ou a perda do ser amado. “Isso porque se o amor existia, ele estava tão enraizado no inconsciente que nem sempre as pessoas se dão conta desse amor quando ainda o possui”, esclarece a especialista.

Portanto, é bom descobrir o que te faz sofrer e encarar. “É uma dor pelo abandono? Então, a forma de lidar com isso é, necessariamente, viver o luto. É a dor pela humilhação? Recomponha sua imagem, revendo as próprias qualidades, em vez de imaginar-se desprezível”, aconselha Nilda. “Vale até cortar os cabelos, comprar roupas novas para ajudar”.

Não cultive o impossível

Um alerta da psicanalista é não alimentar uma esperança se não há expectativa de futuro. “O que normalmente acontece é que as pessoas machucadas, embora saibam racionalmente que não têm chance alguma, arrumam artimanhas para se aproximar da pessoa amada. A sensação de submissão provoca grande angústia e, para aplacar essa agonia, vai atrás do amor, ainda que seja para ouvir um não”. E, naturalmente, isso machuca mais ainda. “Por isso, preservar a própria integridade e não se desmoralizar pode ajudar muito a se reerguer. Não é nada saudável se desmerecer perante qualquer pessoa”.

De acordo com Nilda, a dor de perder um amor passa aos poucos. “Esse é o processo do luto. Isso não se dá de forma linear ou constante. Ocorrem as recaídas, novos acessos de dor, de saudade. Porém, é assim que pouco a pouco a pessoa abandonada vai retirando o excesso de afeto naquele único objeto de amor e redistribuindo sua atenção e seu afeto por outras coisas e pessoas”.

Novas mulheres

Talvez não seja uma saída que dê resultados imediatos, segundo a especialista. “No início, a tendência é comparar a amada com as pessoas que cruzarem seu caminho e, fatalmente, sua ex será mais interessante. Mas eu garanto que o mundo está cheio de pessoas interessantes, que assim que o seu psiquismo permitir vê-las, elas se apresentarão com atributos que você nem imaginava tão poderosos”.

A orientação final de Nilda é reconstituir as situações e aprender com os erros. “Não apenas para se recriminar, mas para avançar, crescer, ser uma pessoa mais consciente, mais plena. Pode ser também que essa reconstituição sirva para perceber que alguns traços da pessoa amada não eram tão legais e que a relação não era tão satisfatória assim. É preferível se confrontar com a dor a fugir dela”, encerra.

http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/07/17/ainda+sou+apaixonada+pela+minha+ex+7267997.html

sexta-feira, 27 de março de 2009

O mendigo e o Dragão

Logo no início do conto, há uma conversa entre dois policiais sobre uma nova operação para eliminarem uma boca de tráfico. O diálogo mostra a corrupção que envolve a decisão dos protetores da lei. Extingue a inocente visão do homem honesto e ético, que na busca de combater os infratores da Lei, também são infratores dessa mesma Lei. Mais adiante, aponta para a incoerente atitude de policiais que atuam na criminalidade.

O texto esbarra no sobrenatural de um modo sutil e com muita naturalidade, dando a impressão de que o extraordinário é bastante habitual. Interessante argumentação por tratar das esquisitices como mais uma faceta da vida entre muitas outras. O sobrenatural pode existir por si mesmo ou através da fantasia, e quem definirá isso será cada sujeito. Essa história permite tal flexibilidade. Podemos ler as fantasias como uma alegoria do texto ou como acontecimentos reais desse conto.

O policial que invadiu a boca utilizou um disfarce de mendigo, e por uma ação fantástica, ficou com aparência de leproso. Esse mendigo sabia da existência de um dragão cuja áurea de corrupção afeta as pessoas ao seu redor, e é justamente com o fruto do crime que é alimentado pelo mendigo, com drogas e armas, para então adormecer e diminuir sua influência maléfica. O mendigo aponta para a esperança do homem na vitória do bem contra o mal.

Conheça o autor do conto Bruno Cobbi.

terça-feira, 24 de março de 2009

Watchmen e Rorschach

O filme Whatchmen é baseado na História em Quadrinhos homônima, escrita por Alaan Moore e ilustrada por David Gibbons, publicada em 12 edições entre 1986 e 1987.
O filme ocorre numa realidade alternativa, na década de 80, na cidade de Nova York, nos EUA. Os personagens principais são ex-policiais que se fantasiam para lutarem contra a violência e a opressão. Devido a atuação dos heróis, a Guerra do Vietnã foi vencida pelos EUA e Nixon foi reeleito presidente.

O Comediante, um dos mascarados, é assassinado. Rorschach, que também integra o grupo de vigilantes, investiga o assassinato, pois é o único que se recusou a aponsentar-se quando uma lei aprovada em 1977 tornou o vigilantismo ilegal. Tem por característica o uso de uma máscara com manchas pretas que mudam de figura.

Dr. Manhatan é o único integrante do grupo que possui poderes diferenciados devido um acidente num reator nuclear. Ele consegue perceber o tempo e o espaço simultaneamente em diferentes dimensões, tornando-o quase onisciente. Ele produz tecnologia para o governo, trabalhando em prol dos ideais americanos.

Ozzymandias, o homem mais inteligente do mundo, revelou sua identidade de herói e obteve lucros astronômicos, tornando-se rico e poderoso.

Destaco esses, entre outros heróis do filme. Porém, tanto a história quanto cada um dos heróis do filme permitem uma longa reflexão. Irei apenas deter-me em transmitir uma informação relacionada ao Rorschach. O personagem mais agressivo do grupo e com uma história de vida bastante comprometida não tem esse nome à toa.

Rorschach é um importante teste de personalidade desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach. A prova consiste em apresentar ao indivíduo pranchas com manchas de tinta (como na máscara do personagem) que deve dizer o que lhe parece. A partir das respostas do sujeito é possível obter um quadro amplo da dinâmica psicológica daquela pessoa.

Quando o personagem é preso, o policial aplica esse teste em Rorschach. O herói manipula os resultados quando imagina cenas violentíssimas e cenas com a mãe, mas suas respostas não apresentam essa agressividade, quando responde borboleta para uma das pranchas. Mostra, assim, a complexidade desse indivíduo.

domingo, 8 de março de 2009

Quem quer ser um milionário?

Jamal é um rapaz pobre que conseguiu ganhar o prêmio máximo em um programa de perguntas e respostas na televisão. Jamal consegue responder às perguntas relembrando sua trajetória de vida, a pobreza, a exploração infantil, a violência e sua paixão por Latika. Há uma discussão, nesse ponto, sobre a aquisição de conhecimento. Espera-se que o participante que conhece as respostas tenha um aprendizado formal. Como não é o caso do personagem, entende-se que ele está fraudando o jogo. Porém, o filme traz a possibilidade de aquisição de conhecimento através das experiências da vida, e não somente pela educação formal através da escola.

O jovem é de uma família indiana mulçumana, o que traz a questão do preconceito e da discriminação racial, religiosa e econômica. Jamal e seu irmão mais velho Salim ficaram órfãos devido à guerra religiosa na Índia e juntos procuraram a sobrevivência. Ambos passaram por situações muito difíceis, mas tomaram caminhos opostos diante da vida. Jamal buscou trabalho e Salim buscou o crime. Aqui, pode-se presumir uma discussão entre o livre arbítrio e o destino. Jamal busca seu destino, sua amada Latika. Salim escolhe o poder e o dinheiro que a vida criminosa pode lhe oferecer. Além da questão destino x livre arbítrio propõe-se uma reflexão sobre os tipos de escolhas que os personagens estabeleceram para suas vidas: amor, dinheiro, poder.

Ao final do filme, quando Jamal e Latika dançam juntos numa espécie de musical hollywoodiano, mostra-se que a escolha para uma vida feliz é o amor, o trabalho, a honestidade, a boa moral. Entretanto, as imagens da trajetória de vida de Jamal que são passadas durante o musical, e que dão a impressão de irem para o passado deixando para o presente apenas a felicidade do amor, apontam para uma crítica social e, até mesmo à Hollywood, indicando que a vida romântica é uma ilusão.

(Slumdog Millionaire, GBR, 2008 - direção: Danny Boyle e Loveleen Tandan; roteiro: Vikas Swarup [romance], Simon Beaufoy)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Operação Valquiria

O filme é baseado em fatos reais do Coronel Claus von Stauffenberg (Tom Cruise) do exército alemão que percebe que os interesses de Hitler não são os melhores para a Alemanha. Ele se une a uma resistência alemã para tentar dar um golpe de estado, cujo principal plano é o assassinado de Adolf Hitler.

Nota histórica: A Operação Valquíria era um plano emergencial para a Reserva do Exército alemão restaurar a lei e a ordem em Berlin caso a cidade fosse bombardeada pelos Aliados. O plano foi aprovado pelo próprio Hitler, mas foi alterado por conspiradores da Resistência Alemã que almejavam tomar o controle das cidades alemãs, desarmarem a SS e prender a cúpula de poder nazista, após o assassinato de Füher em um atentado. A morte de Hitler era crucial para libertar os soldados alemães de seu juramento de lealdade ao Füher. (Wikipedia)


A idéia principal do filme é que não se pode servir à Alemanha e ao Führer ao mesmo tempo. Uma tentativa de mostrar quem nem todos os alemães estavam de acordo com Hitler. O filme envolve o espectador de tal modo que, mesmo sabendo o final, torce para que o golpe dê certo. Provoca no espectador a idéia de que não é possível manter-se isento nessa discussão.

O filme mostra que havia traidores do governo no exército, como o coronel Stauffenberg, porém também aponta para traidores no grupo de resistência à Hitler. Interessante notar que o coronel é um traidor do ponto de vista governamental e é um herói para o mundo devido sua resistência ao holocausto. O espectador se vê torcendo por um militar nazista, embora traidor, e isso aponta para certa ironia, uma possível crítica ao “politicamente correto”.


domingo, 22 de fevereiro de 2009

Dúvida

Em 1964, na escola católica de St. Nicholas, no Bronx (New York), padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) tenta modificar os rígidos costumes da escola seguidos pela irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep). Nessa época, a escola aceita seu primeiro aluno negro, Donald Miller (Joseph Foster). Atendendo a solicitação da irmã Aloysius, a irmã James (Amy Adams) conta sobre sua suspeita de que o padre Flynn é exageradamente atento em relação a Donald. Irmã Aloysius dedica-se a banir o padre da escola. A história é contada através do enfoque da dúvida. Diante da questão levantada irmã James fica entre a cruz e a espada, digo, entre irmã Aloysius que diz ter certeza das atitudes pedófilas do padre, e este que nada confirma, procurando abordar o assunto de modo mais reflexivo sobre a natureza humana. O espectador sente-se inserido na trama e compartilha da dúvida tanto dos acontecimentos de pedofilia quanto do discurso de cada um dos personagens envolvidos. O filme levanta questões e as deixam sem respostas.

Durante quase todo o filme, irmã Aloysius afirma que o padre tem atitudes pedófilas e ao ser questionada pela irmã James, diz que tem suas certezas por conhecer as questões humanas. Irmã Aloysius, que nada presenciou, sente tamanha certeza nas próprias fantasias que possui do padre, e não se dá conta disso, pois não consegue entrar em contato com seus próprios sentimentos. Irmã James busca provas concretas e sem tais provas sente-se dividida, ora apoiando a irmã, ora o padre. Por sua vez, padre Flynn acusa a irmã Aloysius de fofoca, e ao se defender levanta questões da ambivalência humana que coloca em dúvida sua própria moral. Tanto a irmã Aloysius quanto o padre Flynn com seus discursos dúbios deixam o espectador em dúvida sobre o que dizem, ora acreditando ora duvidando das acusações e defesas ditas por ambos. O espectador também não sabe em quem acreditar. E no fim do filme, se o espectador tentou buscar a certeza do que ocorreu, na última cena, é crucificado, pois a irmã Aloysius que afirmou sua certeza todo o tempo, alivia em lágrimas todas as suas dúvidas.

Com posicionamentos de câmeras belíssimos, o diretor John Patrick Shanley demonstra a certeza e a dúvida baseadas em suposições em distintos momentos da trama. O filme questiona a possibilidade de acreditar no outro sem provas, embora os envolvidos acreditem em Deus, também sem provas – é uma questão de fé.

O filme não conta a história passada dos personagens, apenas aquela situação única que vivenciamos, porém aponta para a possibilidade de todos terem vivido grandes dificuldades e provações em suas vidas. Esse passado que não é mostrado influencia firmemente nos seus pensamentos e suas atitudes que são baseadas em pré-julgamentos e pré-conceitos adquiridos no caminhar de suas vidas.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Leitor - algumas reflexões

O Leitor, romance de Bernhard Schlink, deu origem ao filme de mesmo nome, dirigido por Stephen Daldry, com Kate Winslet (Hanna), David Kross como o jovem personagem Michael, e Ralph Fiennes na idade adulta.

Michael Berg, um adolescente de 15 anos, é iniciado na relação sexual por Hanna Schmitz, cobradora de ônibus, de 36 anos. Seus encontros, que duram um verão, ocorrem como um ritual: banham-se, Michael lê poesias, contos e romances para ela e, então, mantêm relações sexuais. Estabelecem um vínculo profundo, que influenciará suas vidas futuras. A relação tem um fim abrupto, pois Hanna desaparece da vida de Michael, quando é informada de uma promoção no seu trabalho.

Alguns anos depois, Michael inicia a faculdade de direito e com sua turma de colegas e o professor acompanham um processo de acusação a ex-guardas de um campo de concentração nazista. Uma das acusadas e condenadas à prisão é Hanna. Após 20 anos, época em que sairia da prisão, enforca-se na cela, deixando seu dinheiro para ser entregue a umas das vítimas do holocausto, através de Michael.

O filme traz alguns questionamentos e aponta para a complexidade das possíveis respostas em relação ao povo alemão, indicando que qualquer julgamento em relação aos envolvidos não é simples, nem justo.

Em determinado momento do processo, o juiz pergunta à Hanna se ela realmente tinha escolhido 10 mulheres para levá-las à morte, ao que ela responde: “o que o senhor teria feito?” O silêncio é absoluto e o olhar perplexo de todos na audiência indica a complexidade da situação, ampliando a questão sobre a culpa e a conivência dos alemães na morte de tantos judeus. As críticas precipitadas e generalizadas ao povo alemão também podem ser injustas. As situações da vida não são tão simples e as pessoas são complexas o suficiente para impossibilitar uma genérica divisão entre vítimas e culpados.

Hanna, a princípio e aos olhos da testemunha que era prisioneira do campo de concentração, era considerada uma das guardas “boas”, pois escolhia as mulheres doentes para a morte ao invés das jovens e sadias. Desse modo, aponta para a bondade de Hanna numa situação limite, tentando ser um pouco mais justa diante de suas atitudes injustas. Porém, foi dito que ela comandava as outras guardas e era responsável pelo relatório que comprovava a morte das prisioneiras judias. As demais ex-guardas que também eram acusadas nesse processo, apontaram-na como a culpada pelos acontecimentos. Por vergonha de defender-se e confirmar que era analfabeta, Hanna assumiu a culpa para si. Assim, enquanto as outras ex-guardas receberam punições de 4 ½ anos de cadeia, Hanna foi levada à prisão perpétua. Essa situação demonstra a injustiça sofrida por Hanna perante as outras acusadas. Declara um mundo injusto, de verdades escondidas e situações manipuladas, dificultando, senão impossibilitando, qualquer julgamento – justo – diante da observação mais próxima dos fatos.

Outra situação que aponta para a dificuldade de fazer-se justiça é a própria existência desse julgamento que ocorreu a partir da publicação de um livro escrito por uma sobrevivente do holocausto, onde mencionou o nome das ex-guardas. Devido a divulgação midiática, foi aberto esse processo, porém inúmeros outros guardas não foram acusados nem sentenciados pelas suas atitudes. Hanna foi um bode-expiatório, e pagou com sua própria vida.

Michael viveu um grande conflito na época do julgamento, pois percebeu que Hanna era analfabeta e preferiu acusar-se como culpada a admitir-se iletrada. Ele poderia intervir no julgamento a favor de Hanna, porém interferiria na escolha dela. Além disso, precisaria assumir publicamente seu antigo romance secreto com uma ex-guarda que levou dezenas de mulheres à morte. Uma maneira sutil de discutir a responsabilidade moral individual e social, e suas consequências. O limite entre eu e o outro nem sempre é tão definido. Michael, por não influir na escolha de Hanna, foi conivente com sua decisão, e portanto, com uma mentira, com uma injustiça, com sua prisão perpétua. Aponta para a facilidade de acusação de conivência, para a moral individual e social que nem sempre se entrelaçam, para a complexidade de tais decisões que não é observada.

Deflagra que nossas pequenas atitudes parecem irrelevantes quando no âmbito pessoal, porém ganham grandes proporções no social, como no holocausto. A exemplo disso, Michael é responsável por uma nova esperança de vida para Hanna quando decide enviar-lhe gravações de livros para que ouvisse na cela. Porém, ele não responde as insistentes cartas da prisioneira, que começa a definhar de tristeza. No encontro anterior a libertação da acusada, Michael não demonstrou alegrias ou esperanças para Hanna, numa postura fria e distante. Quanto de sua atitude foi responsável pelo suicídio dessa mulher? Quanto se pode culpar Michael por essa morte? E conversando com o passado, quanto se pode culpar Hanna por um romance com um adolescente? Quanto se pode culpá-la por aceitar uma promoção no seu emprego, cuja verdade veio à posteriori? Quanto é possível prever as consequências das nossas escolhas e atitudes? Quando é possível voltar atrás?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A alma boa de Setsuan

A alma boa de Setsuan, do dramaturgo Bertolt Brecht, foi dirigida por Marco Antônio Braz e protagonizada por Denise Fraga. Através do humor, procuram evidenciar o embate ético da obra brechtiana.

Nessa montagem da peça, o camarim é montado no palco, onde os atores arrumam-se e aguardam suas entradas. São, também, os atores que mudam o cenário entre um ato e outro com iluminação que permite a visualização das alterações pela platéia. Indica que não há nada por trás, escondido, escuso. As questões são claras, explícitas.

A história é ambientada na China, no povoado de Setsuan. Três Deuses (eu – tudo que está em volta e a pomba ou Espírito Santo, representados por Ary França, sua bicicleta e a pomba em seu ombro) descem a Terra na busca de uma alma boa para provarem que não fracassaram como Deuses. Descobrem Chen-Tê, uma prostituta que por sua bondade recebe um saco de moedas de prata dos Deuses como recompensa. Porém, as pessoas a sua volta a exploram interessadas no seu dinheiro. Sem saber dizer não e sentindo-se abusada por seus conhecidos, Chen-Tê cria outra persona, seu primo Chuí-Ta, para tentar defender-se. Este, inflexível e duro, consegue dirigir seus interesses como um investidor capitalista. Desse modo, Chen-Tê aparece ora como a generosa e meiga Chen-Tê, ora como o austero Chuí-Ta, indicando uma personalidade dividida para lidar com as diversas facetas da vida.

Essa cisão explícita da protagonista destaca os lados bom e mau que constituem cada sujeito. Uma dualidade que nem sempre é percebida ou aceita pelas pessoas. O conflito da personagem indica a dificuldade em lidar com nossas próprias diferenças e ambiguidades.

Não há uma solução para essa dualidade bom/mau do homem. O dramaturgo solicita nossa reflexão sobre o assunto. Talvez, aponte para uma dualidade inerente ao homem, sem solução, apenas a possibilidade de compreensão e de aprendermos a lidar com nossas diversas facetas.

Como uma autocrítica, a peça inicia com o personagem Três Deuses colocando em dúvida a própria existência. Durante a apresentação, questiona-se a moral e a bondade de Deus, que permite misérias, sofrimentos, injustiças, não favorecendo os bons e premiando os maus. No fim da apresentação, a dúvida sobre a existência de Deus é retomada e somada a dúvida da possibilidade da bondade humana.


domingo, 8 de fevereiro de 2009

Se eu fosse você 2

Claudio (Tony Ramos) e Helena (Glória Pires) resolvem se separar e, para piorar a situação, descobrem que a Bia, filha de 18 anos do casal, está grávida e quer se casar. Em meio a essa crise, os dois trocam de corpos.

A troca de corpos se dá num momento de grande desentendimento entre os dois. Quando conseguem entender-se novamente, cada um retorna ao seu próprio corpo. Essa troca indica uma tentativa de controlar o outro, apoderar-se de suas atitudes, seus pensamentos e sentimentos.

Aponta, também, para a fraca confiança que existe em ambos em relação ao outro, pois um não acredita no que o outro diz, preferindo dar crédito às suas próprias fantasias baseadas em ligeiros sinais de alguns acontecimentos que viveram.

Com corpos trocados percebem em situações diversas que o parceiro é sincero, e não houve mentiras ou traições de nenhuma das partes. Nesse momento, a confiança um no outro é reestabelecida, e eles podem aproximar-se novamente.

Entretanto, essa experiência cutuca seus preconceitos em relação a diferença de gêneros, possibilitando que cada um transforme seu mundo interior, tornando-se mais compreensível e flexível em relação ao outro.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite - de Fal Azevedo

O livro conta a história de Alma, uma artista plástica de 44 anos, que passa a limpo sua trajetória melancolizada por separações e mortes – pai, duas irmãs, marido, filha – constituindo uma delicada colcha de retalhos da vida, na busca de alguma felicidade em seu futuro. Num caminhar solitário e num tom de conversa consigo mesma, a personagem relembra, avalia e reinventa a própria vida.

E como o próprio texto previu na página 188, aqui começa a interpretação psicanalítica da obra.

A apresentação da narrativa remete à associação livre ao flutuar entre o passado e o presente, trazendo fragmentos que estão associados pelas emoções e pelas identificações. Reflete, também, o modo de funcionamento do psiquismo ao vivenciar o passado no presente, ao associar as situações e os sentimentos vividos na sua trajetória. Expõe cruamente as fantasias e os desejos de todos os tempos.

A história oscila entre os acontecimentos atuais e as lembranças desse percurso, apontando o entrelaçar do que foi e do que é na construção do que será. Mostra o fundo do poço da Alma (nos dois sentidos), onde ela permanece por algum tempo, até que uma fagulha de luz ilumina a profundeza mais profunda e, aos poucos, aparecem degraus nesse poço trazidos pelo renascer da esperança, oferecendo a possibilidade de uma nova vida.

O tempo da história revela o processo de luto. Do morrer parte de si junto com o morto até a recuperação da própria vida. É desse modo que Alma, perturbada pela dor que carrega consigo, começa a superar suas dificuldades e investir recursos em novas oportunidades, reconstruindo sua vida. Do princípio enclausurado e desesperançado, a fagulha de vida surgiu nos desabafos e nas trocas de experiências com outras pessoas através da internet. Foi seu primeiro passo para o investimento no outro. E foi além, ao realizar uma exposição de quadros e encontrar um novo companheiro.

A arte se apresenta como uma possibilidade de exprimir suas emoções, seus pensamentos, seus medos, suas reflexões, suas angústias. É através da pintura que Alma encontra um caminho saudável para lidar com sua melancolia. Como também o faz pela alimentação, expondo uma narrativa permeada por receitas diversas, cuja titulação é sempre um alimento. Sinaliza o desejo pela vida.

O texto desvela o processo de análise. Do sofrido início ao vivenciar as dores mais escondidas, mais secretas. Da conseqüente busca de recursos para lidar com tamanha angústia. Do esforço na procura de novos significados para as experiências vividas. E da conquista de novos espaços e possibilidades. O começo da narrativa (o início da análise) apresenta as dores mais profundas, muitas vezes num passado distante que está presente, enquanto que o presente em si pouco aparece. Este surge com o passar do tempo, tornando-se mais presente. Mas, o fim da história também indica que, por mais passado que o passado possa ser, e por mais presente que o presente possa estar, o passado não passa, embrandece.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Benjamin Button - o olhar do fim para o início

O Curioso Caso de Benjamin Button é um filme adaptado do clássico homônimo de F. Scott Fitzgerald, de 1929, dirigido por David Fincher e estrelado por Brad Pitt, Cate Clanchett e Tilda Swinton. Conta a história de um homem que nasceu velho e com o tempo tornou-se jovem.

Um relojoeiro cego de New Orleans recebeu a encomenda de fazer um relógio para a estação de trem da cidade. Seu filho foi morto na I Grande Guerra e desejando que o tempo voltasse para trás, e trouxesse seu filho à vida novamente, o relógio foi desenvolvido para rodar ao contrário. Foi inaugurado no dia de término da guerra. E foi nessa noite que Benjamin nasceu.

Para que Benjamin nascesse, sua mãe faleceu no parto, e por isso ele sempre lhe foi grato, por dar-lhe a vida com a própria vida. Seu pai, revoltado com a tragédia, vê o filho como um monstro e tenta matá-lo afogado nas águas do rio que atravessa a cidade. Um policial se aproxima, e o pai de Benjamin corre, deixando-o na porta de uma casa.

Sua escolha não foi consciente, mas foi precisa. Benjamin foi deixado na porta de um asilo administrado por um casal negro, cuja esposa – Quennie – não podia engravidar. Foi acolhido de imediato por ela, que logo chamou o médico do asilo para examiná-lo. Era um bebê com aparência de velho. Cego pela catarata, quase surdo, com dores devido a artrite. O médico disse que iria morrer em breve. Mesmo assim, Quennie queria cuidar do bebê, indicando uma aceitação incondicional.

Além da inversão do caminhar do tempo – da velhice para a infância, havia também o descompasso entre a aparência e o desenvolvimento de suas capacidades. Era velho na aparência, mas seu desenvolvimento psico-motor era adequado à sua idade cronológica. Conforme o relógio andava para trás, o bebê crescia e ficava mais novo na sua aparência.

O filme aponta para relacionamentos baseados no preconceito e como isso é um fator limitante e dificultoso no trato social e familiar. Quennie, uma mulher negra que não podia ter filhos, devido um desejo intenso, supera qualquer estranheza que poderia causar-lhe um bebê com aparência de idoso, e o recebe como filho. Os demais idosos da casa relacionam-se com Benjamin como mais um idoso do asilo, sem perceberem que ele remoça ao invés de envelhecer, apontando para a superficialidade das relações e a impossibilidade de ver o outro além da sua aparência física. Laços tão enfraquecidos o direciona a solidão.

Também nessa direção é levado devido a diferença em relação ao outro. No seu caminho inverso, não se identifica com as pessoas a sua volta. E ainda, preocupa-se em não ser compreendido, afastando-se do convívio social mais prolongado.

A questão do tempo, entre a vida e a morte, adquire outro ponto de vista para Benjamin. Enquanto ele remoça, as pessoas a sua volta envelhecem. Ele convive com a experiência da morte de entes queridos desde cedo, pois fez várias amizades com os idosos do asilo. Do seu ponto de vista, todos estão próximos da morte, enquanto ele parece se distanciar. Porém, preocupa-se com seu fim, pois imagina que não haverá ninguém vivo para cuidar dele quando alcançar os primeiros meses de vida – ou os últimos.

Essa experiência as avessas torna-o uma pessoa muito pouco rancorosa, que sabe perdoar, permite-se voltar atrás nas suas decisões e é insistente na busca de seus objetivos. Um homem aventureiro, que busca muitas e diferentes experiências. O filme é um exercício de imaginação caso o rumo da vida fosse da velhice para a infância, e a idéia transmitida é que o ser humano seria mais complacente, saberia lidar melhor com as dificuldades da vida, embora – no fim – haja sempre a solidão.